sábado, 29 de novembro de 2008

Da pirâmide à ponte

Desde os egípcios parte da humanidade sempre cultuou as grandes construções arquitetônicas. Talvez, este fascínio já esteja incutido na passagem bíblica da torre de Babel, símbolo da tentativa humana de se igualar a Deus. Todas as vaidades dos imperadores traduziam-se no glamour das edificações feitas em suas dinastias, porém para que estes monumentos fossem erguidos muitas vidas foram sacrificadas. Do Egito para a civilização contemporânea muitas coisas mudaram, outras nem tanto. Com o aprimoramento das técnicas da construção civil e do maquinário de maneira geral, os operários hoje, raramente, perdem a vida nos canteiros de obra. Todavia, o poder ainda é exaltado através do glamour das construções urbanas atuais. Haja visto a ponte construída há pouco tempo próximo à rede Globo em São Paulo. Os raios de aço que convergem para o alto nos fazem lembrar das pirâmides egípcias. Não quero dizer com isso que a ponte seja uma das sete maravilhas do mundo contemporâneo, longe disso. Mas, todos ao passar por ela ou pelas proximidades em que se encontra, sentimo-nos encantados com sua magnitude. Deveríamos dar lugar para outros sentimentos além do encantamento quando por ali passarmos. Afinal, nas proximidades da ponte existem várias favelas, nas quais moram muitos operários, que talvez não morram nos canteiros, mas vivem desolados em condições de pobreza na terceira maior capital do mundo, ao lado de uma gigantesca ponte que os esmaga.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

O lançamento da obra "A viagem do elefante" de Saramago

Estive ontem no lançamento da obra "A viagem do elefante" de José Saramago em São Paulo no Sesc-Pinheiros. Senti-me lisonjeado ao constatar que eu havia conseguido um excelente lugar, próximo a pessoas ilustres como a escritora brasileira Lygia Fagundes Telles, entre outros. Mas o melhor ainda estava por acontecer. No momento em que cheguei próximo a José Saramago para que ele autografasse o livro, disse-lhe que eu era estudioso de sua obra, especificamente, de "Todos os nomes" e que minha dissertação seria defendida na Universidade de São Paulo. Poderia ter passado por ali ileso sem que Saramago me falasse qualquer coisa, porém, travamos um pequeno diálogo sobre a consideração crítica de "Todos os nomes". Senti que ele ficou interessado ao saber que em meio àquela multidão havia alguém que se debruçasse nos temas propostos por sua obra. Apertei-lhe a mão e sai dali mais contente por ter lhe falado e por ter sido correspondido do que pela assinatura que levava no livro.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

A cólera do capital

Enquanto economistas, políticos e capitalistas procuram em seus escritórios e gabinetes bem acondicionados uma solução para turbinar o consumismo exarcebado que o sistema do capital exige a cólera ataca o Zimbabwe e as pessoas morrem numa epidemia desumana. Alguma coisa está errada!

A sociedade

Vivemos a cada dia mais distantes uns dos outros. As horas, os dias, os meses e o ano passam vertiginosamente e nem percebemos como isso se deu. Até quando conseguiremos viver desta maneira? A humanidade criou máquinas que beiram à perfeição. Todavia, o ser humano não conseguiu criar nada que de fato aproxime as pessoas. Apesar de vivermos na era da informação não sabemos o que se passa com quem está ao nosso lado. Vemos as crises e os desastres como meros espectadores, talvez aguardando o momento que o tufão chegue até nós e nos arraste com sua força. Quem sabe desta maneira não nos aproximaremos então.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

A natureza

Precisamos mais do que nunca nos preocuparmos com o destino da espécie humana. Para isso, primeiramente devemos pensar seriamente no que vamos fazer a respeito da saúde da Terra. Vivemos durante séculos cultuando pensamentos cartesianos, segregadores, que sempre subjugaram a natureza. A industrialização, a urbanização e o consumismo acelerado nos trouxeram inegáveis benefícios, mas é visível que os recursos naturais estão se esgotando no planeta. A natureza responde de maneira agressiva à violência sofrida durante séculos. Entramos em um caminho "quase" que irreversível. O Brasil, que não conhecia os desequilíbrios ambientais até o fim do século passado, vive hoje uma outra realidade. Estações desencontradas, tufões, enchentes, morte, tristeza e dor são fenômenos naturais que afetam diretamente a todos. Que mundo queremos? Que mundo teremos? Estas são questões que dependem unicamente da nossa vontade para promover mudanças ao nosso redor. O que ocorreu hoje no sul do país e pode acontecer em qualquer parte do mundo é apenas uma demonstração da força da natureza e da incapacidade da nossa sociedade em se integrar harmonicamente com ela. Sabemos quais ações tomar, basta pô-las em prática.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Bancos....

O banco Nossa Caixa foi vendido para o Banco do Brasil por R$ 5,38 bilhões, como vimos nos noticiários hoje. E daí? E daí que eu pergunto onde é que vai parar este dinheiro? Segundo o governo estadual será investido na criação de outro banco, será? Alguém lembra do Banespa? E o dinheiro da sua venda onde foi parar???

Até quando????

Dou início às atividades deste blog com um protesto. Serei solidário aos autores do texto que se segue. Antes, porém, quero deixar uma pergunta: Até quando deixaremos que as grandes corporações enriqueçam vertiginosamente à custa do nosso suor?

“Novo capitalismo?”

Chegou o momento da mudança à escala pública e individual. Chegou o momento da justiça.A crise financeira aí está de novo destroçando as nossas economias, desferindo duros golpes nas nossas vidas. Na última década, os seus abanões têm sido cada vez mais frequente e dramáticos. Ásia Oriental, Argentina, Turquia, Brasil, Rússia, a hecatombe da Nova Economia, provam que não se trata de acidentes conjunturais fortuitos que acontecem na superfície da vida económica mas que estão inscritos no próprio coração do sistema.Essas rupturas, que acabaram produzindo uma contracção funesta da vida económica actual, com o argumento do desemprego e da generalização da desigualdade, assinalam a quebra do capitalismo financeiro e significam o definitivo ancilosamento da ordem económica mundial em que vivemos. Há, pois, que transformá-lo radicalmente.Na entrevista com o presidente Bush, Durão Barroso, Presidente da Comissão Europeia, declarou que a presente crise deve conduzir a uma “nova ordem económica mundial”, o que é aceitável, se esta nova ordem se orientar pelos princípios democráticos – que nunca deveriam ter sido abandonados – da justiça, liberdade, igualdade e solidariedade.As “leis do mercado” conduziram a uma situação caótica que levou a um “resgate” de milhares de milhões de dólares, de tal modo que, como se referiu acertadamente, “se privatizaram os ganhos e se nacionalizaram as perdas”. Encontraram ajuda para os culpados e não para as vítimas. Esta é uma ocasião única para redefinir o sistema económico mundial a favor da justiça social.Não havia dinheiro para os fundos de combate à SIDA, nem de apoio para a alimentação no mundo… e afinal, num autêntico turbilhão financeiro, acontece que havia fundos para que não se arruinassem aqueles mesmos que, favorecendo excessivamente as bolhas informáticas e imobiliárias, arruinaram o edifício económico mundial da “globalização”.Por isto é totalmente errado que o Presidente Sarkozy tenha falado sobre a realização de todos estes esforços a cargo dos contribuintes “para um novo capitalismo”!… e que o Presidente Bush, como dele seria de esperar, tenha concordado que deve salvaguardar-se “a liberdade de mercado” (sem que desapareçam os subsídios agrícolas!)…Não: agora devemos ser resgatados, os cidadãos, favorecendo com rapidez e valentia a transição de uma economia de guerra para uma economia de desenvolvimento global, em que essa vergonha colectiva do investimento de três mil milhões de dólares por dia em armas, ao mesmo tempo que morrem de fome mais de 60 mil pessoas, seja superada. Uma economia de desenvolvimento que elimine a abusiva exploração dos recursos naturais que tem lugar na actualidade (petróleo, gás, minerais, carvão) e que faça com que se apliquem normas vigiadas por uma Nações Unidas refundadas – que envolvam o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial “para a reconstrução e desenvolvimento” e a Organização Mundial de Comércio, que não seja um clube privado de nações, mas sim uma instituição da ONU – que disponham dos meios pessoais, humanos e técnicos necessários para exercer a sua autoridade jurídica e ética de forma eficaz.Investimento nas energias renováveis, na produção de alimentos (agricultura e aquicultura), na obtenção e condução de água, na saúde, educação, habitação… para que a “nova ordem económica” seja, por fim, democrática e beneficie as pessoas. O engano da globalização e da economia de mercado deve terminar! A sociedade civil já não será um espectador resignado e, se necessário for, utilizará todo o poder de cidadania que hoje, com as modernas tecnologias de comunicação, possui.Novo capitalismo? Não!Chegou o momento da mudança à escala pública e individual. Chegou o momento da justiça.

Federico Mayor Zaragoza
Francisco Altemir
José Saramago
RobertoSavio
Mário Soares
José Vidal Beneyto