sábado, 29 de novembro de 2008

Da pirâmide à ponte

Desde os egípcios parte da humanidade sempre cultuou as grandes construções arquitetônicas. Talvez, este fascínio já esteja incutido na passagem bíblica da torre de Babel, símbolo da tentativa humana de se igualar a Deus. Todas as vaidades dos imperadores traduziam-se no glamour das edificações feitas em suas dinastias, porém para que estes monumentos fossem erguidos muitas vidas foram sacrificadas. Do Egito para a civilização contemporânea muitas coisas mudaram, outras nem tanto. Com o aprimoramento das técnicas da construção civil e do maquinário de maneira geral, os operários hoje, raramente, perdem a vida nos canteiros de obra. Todavia, o poder ainda é exaltado através do glamour das construções urbanas atuais. Haja visto a ponte construída há pouco tempo próximo à rede Globo em São Paulo. Os raios de aço que convergem para o alto nos fazem lembrar das pirâmides egípcias. Não quero dizer com isso que a ponte seja uma das sete maravilhas do mundo contemporâneo, longe disso. Mas, todos ao passar por ela ou pelas proximidades em que se encontra, sentimo-nos encantados com sua magnitude. Deveríamos dar lugar para outros sentimentos além do encantamento quando por ali passarmos. Afinal, nas proximidades da ponte existem várias favelas, nas quais moram muitos operários, que talvez não morram nos canteiros, mas vivem desolados em condições de pobreza na terceira maior capital do mundo, ao lado de uma gigantesca ponte que os esmaga.

Nenhum comentário: