segunda-feira, 20 de julho de 2009

O rapaz do capuz (baseado numa história real)

Seu aspecto era horrendo, andava um tanto desleixado. Quem o visse de longe logo pensaria que se tratava de um mendigo mal cheiroso. Entrara pela loja como sempre fizera. Não olhava para os lados. Podia ser que alguém o quisesse inquerir sobre sua atitude incomum. As moças da botique já haviam se habituado com o inusitado rapaz de capuz preto que entrava toda noite no mesmo horário e que sempre fazia a mesma coisa: ia até o fundo da loja sem desviar o olhar, concentrado. Os clientes se assustavam com tamanha determinação e achavam que se tratava de um assaltante. De certa maneira, o que fazia, não deixava de ser um assalto, ainda que pequeno e vaidoso. Uma das moças da loja, novata naquele trabalho, não acreditou no que viu da primeira vez; na segunda se sentiu intimidada; na terceira deu risada; na quarta, na quinta e na sexta vez sintetizou aquilo no seguinte pensamento: Loucura!Realmente, só podia ser loucura. O cara entrava na perfumaria, escolhia um dos perfumes mais caros, usava-o e saía da botique sem dar qualquer explicação tal como "volto depois", "não me agradei" etc. Entrava e saía do mesmo modo, cabeça baixa, capuz preto, olhar de soslaio. Mas andava sempre perfumado. Um dia uma das vendedoras o viu passar um creme no cabelo. Pela primeira vez havia tirado o capuz preto. Sem hesitar ela lhe perguntou, o que achou do gel? E ele respondeu, fedido!

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